2015/03/27
2015/03/25
2015/03/24
2015/03/23
Madalena uma atleta que se iniciou no Andebol dos BVA na Selecção Nacional
Portugal
apurou-se para a fase final do Campeonato da Europa Sub 17 Femininos em
Andebol.
Madalena
Silva uma das seleccionadas, é da nossa terra mais propriamente de Almoçageme.
Madalena
iniciou-se desde muito jovem, na equipa dos Bombeiros Voluntários de Almoçageme
e desde logo mostrou que iria muito longe na modalidade. Madalena foi sempre
uma menina dentro e fora das quatro linhas muito disciplinada e correta para com
os adversários, colegas, treinador e dirigentes. Enfim! Quase me apetece dizer
que a Madalena é a “menina atleta” que qualquer clube gostaria de ter.
Eu
pessoalmente teria muita coisa boa a dizer sobre a Madalena mas para vosso
conhecimento, digo-vos apenas que a Madalena jogou na equipe mista dos BVA,
onde na maioria das vezes era a única menina em jogo e uma das melhores da
partida. Eu classificava-a como o “terror” do Adversário (rapazes).
Em
meu nome e em nome daqueles que te acompanharam e te acarinharam muitos
parabéns, para nós és um orgulho.
2015/03/19
2015/03/18
2015/03/15
Memórias da Nossa Terra
Em 15 de Março de 1953 o nº 998 do Jornal de Sintra publicava o
seguinte sobre a nossa Freguesia:
COLARES
Chamada de atenção! – Conforme foi noticiado, coma alegria de uns e
descontentamento de outros, pararam na segunda-feira os «eléctricos» que só
voltarão a funcionar em Julho. O serviço é agora feito autocarros. Até aqui
nada a argumentar visto que tudo foi determinado superiormente em nome do progresso.
Mas...chamamos; a tenção dos Srs. Directores da Companhia para o facto da
estação do Banzão funcionar com o seguinte horário Abre às 9 fecha às 13,
reabre às 14 e fecha de novo às 18. Resultado: os passageiros das carreiras
matinais e nocturnas não têm direito a sala de estar nem qualquer esclarecimento
que precisem. Não poderá modificar este estado de coisas, conservando-se aberta
a estação como se houvesse «eléctricos» ou continuaremos a ter à noite a tristeza
de não ver iluminada a estação do Banzão?
Acrescentamos que de manhã e à
noite ainda faz um friozinho de rachar…
Estará isto certo?
Banda de Colares – Prosseguindo nas suas realizações, a Banda de Colares
realiza hoje um baile com os «Futuros do Mucifal», orquestra que já abrilhantou
o serão de domingo passado.
A direcção nova que é constituída
pelos Srs.: presidente, António Simões; vice – presidente, António dos Santos;
tesoureiro, Daniel Saraiva; secretários, Fernando Moreira e Júlio Torres;
vogais, Artur Guimarães e José Patrício está muito reconhecida a todas as
pessoas lhe têm, testemunhada simpatia e prometido auxilio.
Anuncia-se para breve o
tradicional «Baile da Primavera».
Bombeiros – Na noite de 9, realizou-se a tradicional reunião dos
Voluntários de Colares com os seus colegas de Sintra e Almoçageme, sendo trocados
os brindes habituais. Muitos bombeiros visitaram o comandante Baptista ainda
doente.
Repórter Colarense
Também em 15 de Março mas de 1959
o nº 1.306 do Jornal de Sintra publicava o seguinte sobre a nossa Freguesia:
Aniversário dos Bombeiros – Passou no dia 9 mais um aniversário da
fundação benemérita Associação dos B. V. de Colares, cujo corpo activo se
reuniu, à noite, no quartel como é hábito, em alegre camaradagem com os seus
colegas de Almoçageme, Sintra e São Pedro, tendo-se trocado amigáveis brindes.
Mal diriam os abnegados Soldados da Paz que horas depois se encontrariam de
novo no desempenho da sua humanitária missão, apagando o grande incêndio de
Sintra...
Todos devem olhar com carinho
para estas prestimosas corporações, que só para o bem existem.
Parabéns
R.. Colarense
Desenho de José Azevedo sobre as Azenhas do Mar,
publicada em 15-03-1959 nº 1.306
2015/03/12
2015/03/04
Memórias da Guerra Colonial / Alfredo Maioto
ALMA CANSADA
- Estou farto desta porcaria. Não aguento mais.
Não aguento, pá, não dá! Quero ir embora para casa e esquecer esta merda toda.
A minha cabeça, às vezes, parece que vai rebentar com o mesmo estrondo
provocado por um canhão sem recuo, aquele pum! Duro e frio sistematicamente
ecoando nela como um mal a que não consigo fugir. Porra! Estou farto, pá! Quero
sumir, quero morrer, não aguento mais. Vou confessar-te uma coisa, Maciel:
durante o dia, como o tempo fica preenchido, ainda vai; mas à noite, quando me
deito, debaixo dos cobertores, precisamente quando fico sozinho com a minha
solidão e meus pensamentos, então aí tudo vira um inferno! Há duas semanas, em
patrulha no mato, olhava o céu estrelado sem conseguir adormecer. De repente
levantei-me e ia embrenhar-me no mato quando o Castro, que estava de sentinela,
me interceptou:
- Ó Freitas, onde vais?
Eu ia embora, sem destino, mato adentro.
Simplesmente ia embora… Vês como ando? O Castro é que foi um gajo porreiro,
segurou-me pelo braço e convenceu-me a deitar-me de novo. Falou de minha
família, que meus pais esperavam por mim, essas tretas todas, sabes como é.
- Tem calma, pá. As coisas mudam…
- Calma como? E quando vão mudar? Nunca! A nossa
guerra vai ser sempre esta porcaria até ao fim, teremos de viver sempre neste
stress diário, no corpo e na mente bem impressas aquelas palavras que enchem
nosso corpo e mente todo tempo: minas, emboscadas, colunas, patrulhas! E a
ladainha vai-se repetindo. Não conseguimos deixar de pronunciá-las a todos os
instantes, todos. Vai ser sempre assim! Olha, deixa que confesse uma coisa: não
tenho medo de morrer. Não tenho, não. Acredito que vou regressar são e salvo a
casa. E olha que não fiz promessa alguma a Nossa Senhora de ir a Fátima a pé,
como a maioria fez. Não perguntes porquê, mas sei que vou regressar direitinho.
Acho que isso de fazer promessas é o mesmo que fazer chantagem com Ela, como um
negócio: se eu regressar são e salvo eu prometo ir a Fátima e, para a penitência
ser maior, até vou a pé! Entendes? Minha fé é enorme, acredito piamente que vou
regressar a casa sem mazelas e não como o nosso cabo Tavares que há 3 meses
rebentou, coitado, uma mina e teve de regressar ao “Puto” mais cedo. Ou então,
mais trágico, como o nosso Capitão que em Setembro morreu no rebentamento
doutra mina, juntamente com o Capitão dos Comandos, quando seguiam ambos no
jeep. O Travassos, que levou dois tiros vindos do nada na cabeça, numa
emboscada…
- É triste, mas isso pode acontecer a qualquer um
de nós.
- Tens razão, Maciel, eu sei, eu sei. Confesso que
morrer não me assusta. Sabes o que realmente me assusta e dá cabo da cabeça
fazendo-a rodopiar com um verylight? A monotonia! É esta incerteza toda, esta
monotonia do nosso dia a dia, esta repetição sistemática das mesmas coisas,
enfadonha, monocórdica. Depois o cenário, sempre o mesmo, os mesmos rostos, o
mesmo ritmo. Para cúmulo esta incerteza que sentimos pelo segundo que vem a
seguir. Isto a mim deixa-me sem ar! É esta angústia terrível que me mata a cada
dia que passa e me definha inevitavelmente. Isto é guerra, não podemos decidir
nosso destino, mas prefiro morrer a ficar numa cadeira de rodas, sabes? Diminuído,
incapacitado e dependente de terceiros. Olha bem a nossa sorte: os estupores
dos turras sabem a que horas passamos na picada, conhecem bem o nosso trajeto,
podem planear o ataque como mais lhes apetecer, por isso é de prever mais
ataques e com consequências fatídicas, como já sucedeu. Somos cordeiros a
caminho do matadouro… Só não entendo como não temos mais vítimas.
- Sorte, ou o facto de termos chegado a Lourenço
Marques no dia 12 Maio e termos a mão de Nossa Senhora de Fátima a
proteger-nos, quem sabe?
- Sim, quem sabe? Também acho, e muita gente pensa
igual. Vês aqueles 4 morros acolá em frente olhando, silenciosos e ameaçadores,
para o quartel, para todos nós? Quase os imagino com suas garras a tentar dar
cabo de nós. Detesto-os! Queria aniquilá-los, pá! Toda vez que olho para eles
penso: e se os turras nos atacarem? Para onde iremos fugir, quando o que nos
cerca é um terreno vasto e desarborizado? Como resistir? Esconder-nos nas
trincheiras? Achas que chega?
- Não, não chega.
- Bom, melhor nem pensar, porque se isso
acontecesse seria uma tragédia. Na cama tenho tempo para todo género de
pensamentos, sabes, Maciel? Varrem-me a cabeça desenfreadamente
assenhoreando-se dela como tirano implacável. E é nessas alturas, de noite, no
escuro, quando mais penso na minha família e em tudo que deixei na Metrópole. E
sinto então, de repente, que a distância é incomensurável e não consigo
anulá-la nunca… Então invade-me uma tristeza sem fim, negra como a própria
África, negra como todos os habitantes da aldeia onde estamos aquartelados. Nesses
momentos o corpo fica tenso, impotente, e minha alma sofre. Sofre dores e
revoltas! Já por diversas vezes chorei, mas baixinho, para ninguém ouvir, para
depois não gozarem comigo e chamarem-me choramingas!
- Não é vergonha nenhuma, pá. Também já chorei,
porra.
- Já? Dizes isso talvez para me animar, mas
acredita que é uma dor do caraças! É funda, vem lá do âmago de mim mesmo,
incontida, violenta. Quero ir embora, esta guerra não é minha, não me pertence,
pá.
- E a mim, achas que pertence?
- Não, claro que não. Mas acho que minha cabeça
não vai aguentar muito mais tempo. Só passaram 15 meses sempre debaixo deste
stress diário e inevitável. E ainda faltam 9 eternos meses para o fim da
comissão! Não vou aguentar, não vou, não consigo. É este assobio que existe em
meus ouvidos sem cessar, ininterrupto, depois ainda esta falta de ar que se
apodera de mim e me deixa numa ansiedade incontrolável, como se um fantasma
invisível e malévolo me espetasse as unhas na garganta. Quero respirar e mal
consigo.
- Amanhã vou contigo ao médico.
- Obrigado, pá, mas não sei o que ele pode
medicar-me para varrer da alma esta solidão desesperante. Sinto-me suspenso
sobre o abismo… Só falta o empurrão e caio lá no fundo de vez!
- Olha, e se fôssemos beber umas cervejas para
desanuviar? Que tal? E depois já sabes que estou sempre aqui.
- Eu sei, obrigado. És um gajo impecável, um amigo
a valer. Sim, vamos beber umas Manicas, talvez umas cervejas geladas consigam
afogar este cansaço que me asfixia. Preciso recuperar meu
ser, pá!
Alfredo Maioto
Paredes Coura, 06/02/2015
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