2009/02/12

Memórias da guerra colonial e não só...

Vi-te. E meu primeiro pensamento foi de emoção, qualquer coisa como um grito abafado que emergiu de mim e me fez sentir orgulhoso em ser teu amigo!Vi-te como nunca te havia visto ate então, um gigante, mas um gigante enorme, enorme mesmo, de mãos largas para agarrar os desprotegidos, com um coração de ouro muito maior que o do gigante das botas de 7 léguas... Um gigante em generosidade, em desprendimento, em doação! Um PERDIDO E ACHADO raro, tão forte e tão simples como o embondeiro!!!!!Mas, sabes, enquanto a reportagem corria, tu numa praia de Colares e rodeado de miúdos feitos filhotes como que à pressa, eu via-te de rosto fresco e de calção nas aragens de Moçambique por onde andámos juntos, G-3 na mão, palmilhando picadas e tentando não pisar as minas...E a reportagem falava do tempo votado aos teus “meninos” certamente perdidos na vida se não te tivessem achado...- Ele salvou-me a vida... Vinha uma carrinha em sentido contrário e se não fosse o Sr. Cara D’Anjo eu teria ficado ali...(Lembras-te de Changara, aquele pedaço de terra com 40 graus à sombra, a cantina do Oliveira onde bebemos bazukas e conversámos de nadas, onde rimos saudades do “puto”??? )E os teus “meninos” iam falando palavras dum tempo traquinas e caminho inseguro. Quem disse que os anjos não existem??? Eu acredito, ensinei os meus filhos a acreditarem neles, porque algures, num recanto qualquer onde a generosidade é precisa, sempre aparece algum capaz de se esquecer de si para se entregar aos outros...Eu vi-te, sim. Conheces aquele silencio que nos causa um nó na garganta, e que torna as palavras tortas e mudas por mais esforço que façamos para as soltar? É um nó tremendo, mas, ironia das ironias, é um bem benéfico que não incomoda nem atrofia... É bom sentir tais nós em nós!!!Benditos sejam todos os Anjos!!! Mas abençoados sejam os raros Caras D’Anjo!!!

Alfredo Maioto

A célebre ponte sobre o rio Luenha (Changara)

5 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns senhor Alfredo, original forma de homenagear o meu amigo Vitalino

Anónimo disse...

Mão sabia que o Vitalino tinha andado na guerra de África!!!!!!
José Dias

Anónimo disse...

Quem diria hem! Com aquele ser ar pacificador procurando ajudar tudo e todos, procurando sempre a paz, tinha participado na guerra.
Serão remorsos, ou tentativa de reconciliação com a sua alma.
J.Mota

Anónimo disse...

O nosso “amigo” Mota, possivelmente é um daqueles meninos a quem o papá endinheirado pagou a fuga para o estrangeiro afim de escapar à mobilização, ou então um dos novos párias que vivem ás custas da família ou do estado, que vivem no mundo da lua (outra coisa).
O “amigo” Mota deveria consultar a história para deixar de viver na ignorância.
Mas já que não sabe, ou finge não saber, eu explico:
Toda essa geração de jovens, foi obrigada pelo regime a ir para África lutar por uma causa que muitos desconheciam. A recusa implicava sanções tão graves que foram raros os que se atreveram a faze-lo.
Por isso “amigo” Mota, se não sabe do que fala, esteva calado e não manche a memória daquelas centenas de Almas que por lá ficaram lutando por um a guerra que não era nossa.
Um Antigo Combatente

Anónimo disse...

Para o "Antigo Combatente":

Não sabiam? Uns sabiam... Outros não queriam entender. Pelos vistos, era este o seu caso. Ai a guerra não era nossa? Então era de quem? Acha mal que o regime tenha mandado o nosso exército defender populações brancas e negras, mas acima de tudo, populações que queriam continuar portuguesas, contra bandos de terroristas que as massacravam? Se não está orgulhoso da nobre gesta em que participou, ao menos respeite aqueles que combateram com honra. Enquanto foram portuguesas, essas populações viveram bem melhor do que depois da traição soarenga, que as entregou à miséria e à exploração que só trouxeram proveito aos EUA, à Rússia e a meia-dúzia de políticos corruptos.

Paulo Rodrigues
Banzão