Em 11 de Novembro de 1945 o nº. 611 do Jornal de Sintra publicava o seguinte sobre a nossa freguesia.
Colares
Aniversário da Banda
A Banda de Colares comemorou no dia 1 de Novembro
o seu 54º. Aniversário com uma festa digna de registo pelo interesse de que se
revestiu.
Às 19 horas realizou-se no afamado restaurante
Recreio da Várzea um lauto jantar de confraternização, entre os componentes da
Banda e seus diretores, tendo usado da palavra o ilustre presidente da
assembleia geral, Sr. Alberto Tota, que pôs em destaque o esforço desenvolvido
pela velha associação para que Colares tenha hoje uma casa de espiráculos da
qual poderia orgulhar-se qualquer terra do país.
Às 22 horas subiu o majestoso pano do palco da
Banda para dar início a um primoroso concerto, sob a direção do Sr. Marcos
Romão, durante o qual, mestre e executantes, foram merecidamente aplaudidos. Em
seguida, o engraçado filme «Um ladrão em apuros» deliciou a assistência, que
segui interessada as peripécias e, finalmente, no Salão Nobre dançou-se
animadamente até madrugada, ao som de uma esplêndida orquestra, composta dos
elementos mais brilhantes da simpática Tuna Mucifalense, que tão injustamente
vê as suas portas encerradas, e dos melhores músicos da Banda, orquestra essa
que veio reforçar a nossa já velha e debatida opinião de que um agrupamento
regional deste género, livre de politiquices e bairrismos tolos e ensaiado por
um mestre competente, teria condições para se impor dentro e fora do concelho.
Não queremos terminar esta notícia sem dizer que
sentimos uma alegria enorme e sincera ao contemplar o lindo Cine-Teatro repleto
de associados da Banda, a quem a encantadora festa foi graciosamente oferecida,
mas também gostaríamos de encontrar mais vezes alguns sócios que talvez ainda
não compreendessem que o dever dos bons colarenses é dar o seu concurso à
grande obra que homens de boa vontade ergueram e defendem à custa de
sacrifícios, de fé e amor pela nossa terra.
Sede da Banda (considerada por muitos demasiada avançada para a época)
Na mesma data mas no ano de 1956
Almoçageme
Capela
Capela
Foi colocada na capela desta localidade um «nicho
das almas», feito em azulejos, representando Nossa Senhora do Carmo e as
alminhas. O reverendo pároco da freguesia de Colares procedeu à sua bênção no
passado dia 2, Dia de Finados, perante muita assistência.
Esta obra foi mandada construir pela aia da
capela, Srª. D. Margarida Leonor Chança com auxílio de esmolas que lhe deram.
Nicho (Capela de Almoçageme)
Lavadouros
Mais uma vez, fazemos eco da necessidade urgente
em que se proceder à utilização dos lavadouros públicos, cuja falta é reclamada
a todo o momento pelas donas de casa.
Colares
Em nome do progresso?
Uma classe popular, honesta e cuja falta se faz
sentir acaba de desaparecer de Colares: a das simpáticas leiteiras, aquelas
diligentes criaturas que duas vezes no dia calcurriavam as íngremes ladeiras da
nossa terra para nos trazerem, acabadinho de mugir, o leite puro das suas
vaquinhas bem tratadas. Era vê-las, ligeiras e contentes, as blusas muito
lavadas, os aventais bem esticados, os cabelos muito presos, o aspeto sadio da
gente do campo, sem pretensões a outra coisa que não seja viver com a cara
descoberta. Nunca, ao que nos consta, roubaram um dedal de leite ou misturaram
água no precioso líquido.
Pois esta classe, modesta e prestável acaba de ser
engolida pelo progresso, representado por um camião e uma furgoneta,
deslumbrantes na sua cor creme, que nós vemos passar na estrada de vez em
quando. Primeiro uma, outra depois, por fim a última, as pobres leiteiras foram
deixando a venda, que já não lhes dava interesse algum.
E agora nós, consumidores temos que ir à leitaria
ou então esperar ao frio que passe os almejados carros deslumbrante cor creme.
Será isto de facto progresso?!
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