2012/11/11


Em 11 de Novembro de 1945 o nº. 611 do Jornal de Sintra publicava o seguinte sobre a nossa freguesia.

Colares
Aniversário da Banda
A Banda de Colares comemorou no dia 1 de Novembro o seu 54º. Aniversário com uma festa digna de registo pelo interesse de que se revestiu.
Às 19 horas realizou-se no afamado restaurante Recreio da Várzea um lauto jantar de confraternização, entre os componentes da Banda e seus diretores, tendo usado da palavra o ilustre presidente da assembleia geral, Sr. Alberto Tota, que pôs em destaque o esforço desenvolvido pela velha associação para que Colares tenha hoje uma casa de espiráculos da qual poderia orgulhar-se qualquer terra do país.
Às 22 horas subiu o majestoso pano do palco da Banda para dar início a um primoroso concerto, sob a direção do Sr. Marcos Romão, durante o qual, mestre e executantes, foram merecidamente aplaudidos. Em seguida, o engraçado filme «Um ladrão em apuros» deliciou a assistência, que segui interessada as peripécias e, finalmente, no Salão Nobre dançou-se animadamente até madrugada, ao som de uma esplêndida orquestra, composta dos elementos mais brilhantes da simpática Tuna Mucifalense, que tão injustamente vê as suas portas encerradas, e dos melhores músicos da Banda, orquestra essa que veio reforçar a nossa já velha e debatida opinião de que um agrupamento regional deste género, livre de politiquices e bairrismos tolos e ensaiado por um mestre competente, teria condições para se impor dentro e fora do concelho.
Não queremos terminar esta notícia sem dizer que sentimos uma alegria enorme e sincera ao contemplar o lindo Cine-Teatro repleto de associados da Banda, a quem a encantadora festa foi graciosamente oferecida, mas também gostaríamos de encontrar mais vezes alguns sócios que talvez ainda não compreendessem que o dever dos bons colarenses é dar o seu concurso à grande obra que homens de boa vontade ergueram e defendem à custa de sacrifícios, de fé e amor pela nossa terra.   
Sede da Banda (considerada por muitos demasiada avançada para a época)
Na mesma data mas no ano de 1956

Almoçageme
Capela
Foi colocada na capela desta localidade um «nicho das almas», feito em azulejos, representando Nossa Senhora do Carmo e as alminhas. O reverendo pároco da freguesia de Colares procedeu à sua bênção no passado dia 2, Dia de Finados, perante muita assistência.
Esta obra foi mandada construir pela aia da capela, Srª. D. Margarida Leonor Chança com auxílio de esmolas que lhe deram.
Nicho (Capela de Almoçageme)
Lavadouros
Mais uma vez, fazemos eco da necessidade urgente em que se proceder à utilização dos lavadouros públicos, cuja falta é reclamada a todo o momento pelas donas de casa.

Colares
Em nome do progresso?
Uma classe popular, honesta e cuja falta se faz sentir acaba de desaparecer de Colares: a das simpáticas leiteiras, aquelas diligentes criaturas que duas vezes no dia calcurriavam as íngremes ladeiras da nossa terra para nos trazerem, acabadinho de mugir, o leite puro das suas vaquinhas bem tratadas. Era vê-las, ligeiras e contentes, as blusas muito lavadas, os aventais bem esticados, os cabelos muito presos, o aspeto sadio da gente do campo, sem pretensões a outra coisa que não seja viver com a cara descoberta. Nunca, ao que nos consta, roubaram um dedal de leite ou misturaram água no precioso líquido.
Pois esta classe, modesta e prestável acaba de ser engolida pelo progresso, representado por um camião e uma furgoneta, deslumbrantes na sua cor creme, que nós vemos passar na estrada de vez em quando. Primeiro uma, outra depois, por fim a última, as pobres leiteiras foram deixando a venda, que já não lhes dava interesse algum.
E agora nós, consumidores temos que ir à leitaria ou então esperar ao frio que passe os almejados carros deslumbrante cor creme.
Será isto de facto progresso?!

Sem comentários: