PALAVRAS
PARA OS MEUS AMIGOS
SOLTA-SE
EM MIM UMA LÁGRIMA SEMPRE QUE VOS VEJO.
É UMA
LAGRIMA SIMPLES, FRESCA, TERNA,
VINDA
DUM TEMPO COM MEMORIA FUNDA
E
SAUDADE DE TODAS AS MARCAS...
SEMPRE
QUE VOS VEJO O CORPO
TORCE-SE
EM LEMBRANÇAS
ENQUANTO
A MEMORIA SE DISPERSA
POR
PEDAÇOS DE FRAGMENTOS CANSANDO-SE
NA
RECONSTRUÇAO DE CENAS E RECANTOS,
DE
SORRISOS E SILENCIOS,
DUM
ABRAÇO QUALQUER DADO NUM SEGUNDO QUALQUER,
NA
EVOCAÇAO DE PALAVRAS DITAS OU SIMPLEMENTE CALADAS.
E,
SAIDO NÃO SEI DE QUE QUADRADO DE MEU SER,
DESPONTA
NA BARRIGA UM TORNADO EM MINIATURA, PEQUENINO,
MAS
QUE SE ESPETA EM MIM QUAL PALHA DE CAPIM SECO,
E NÃO
ME LARGA, E ME PERSEGUE COMO UM BOM VICIO.
DEPOIS,
AOS POUCOS, PALAVRA APÓS PALAVRA,
GESTO
APOS GESTO, ADQUIRE FORMA DE TSUNAMI
PENETRANDO
NAS MINHAS VEIAS, NAS ARTERIAS, NO MEU
PENSAR,
NO MEU
SENTIR, E LÁ FICA COMO DONA LEGITIMA
DESSAS
SENSAÇÕES QUE, DE TAO DOCES, ATE MAGOAM...
É ESTA
FALTA DE AR QUE ME OPRIME,
ME
SUFOCA, QUE INSISTE E PERSISTE
EM ME
POSSUIR PARA ALÉM DE TODAS AS ANSIAS,
A QUE
EU NÃO RESISTO, NÃO QUERO RESISTIR,
E
ENTAO A ALMA CEDE...
VEJO-VOS,
AINDA HOJE, MENINOS A BRINCAREM
CHANGARA
ADENTRO EXPELINDO ENERGIA PELOS RISOS
DA
VOSSA GENEROSIDADE,
DE
CALÇAO VERDE, MEIA VERDE,
CAMISA
VERDE TAMBÉM,
BOINA
CASTANHA,
AS
MAOS CHEIAS, CHEINHAS DE AMANHAS
NA
ALMA A ROBUSTEZ DO EMBONDEIRO.
OIÇO
AINDA HOJE VOSSA VOZ GRITANDO BRINCADEIRAS,
PROTESTANDO
O ALMOÇO, CANTANDO NA PARADA O CANSAÇO, ,
RINDO
A CERVEJA FRESCA NA MÃO,
GESTICULANDO
PLANOS, FALANDO AO ACASO
PARAGRAFOS
IMPROVISADOS, APENAS FALANDO...
E EU,
TAMBÉM MENINO COMO VOCES,
OUVI E
REPARTI SONHOS,
OUVI
VOSSAS MAGOAS E PROTESTOS,
E NA
CURVA DA NOITE, PRA NINGUEM SE APERCEBER,
EMOCIONEI-ME
NA VOSSA TERNURA.
CONVOSCO
CHOREI PALAVRAS QUE O CORAÇAO RECORDA
E QUE
A MEMORIA EVOCA ENTRE SILABAS VIDRADAS...
NÃO
SEI PORQUÊ, MAS ESTA LAGRIMA RESISTE AO TEMPO
E
RENASCE SEMPRE QUE VOS VEJO...
ACHO
QUE É SAUDADE.
SAUDADE
DA VOSSA GARGALHADA FORTE,
SAUDADE
DO BRILHO INTENSO DO VOSSO QUERER,
SAUDADE
DA CERTEZA DE SABER QUE ESTAVEIS LÁ,
A MEU
LADO, QUANDO O PEITO FRAQUEJAVA...
NO
PERIGO, NA SELVA, NAS MAGOAS, NAS FARRAS,
SEMPRE,
SEMPRE.
E POR
ISSO, SEM SABER COM EXACTIDÃO QUANDO,
UM DIA
SEMEEI VOSSO NOME NO SANGUE, UM A UM,
COM SUAVIDADE
PARA
ASSIM NÃO SE APAGAREM TAO RAPIDAMENTE
NAS
TREMURAS DA IDADE...
POR
TUDO ISTO SOIS ESPECIAIS. SOIS ÚNICOS.
EXCLUSIVOS.
INAPAGAVEIS.
SOIS A
SAUDADE. SOIS A MEMORIA. SOIS O TEMPO.
SOIS O
ONTEM COM VERSOS DE HOJE.
SOIS O
ONTEM NA LÁGRIMA DE AMANHÃ...
PORTO,
05/05/06
Alfredo Maioto
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