2011/09/07

Homenagem aos Militares falecidos em 1966 no incêndio da Serra de Sintra

Com uma expressiva homenagem, foram hoje assinalados no local (Monge) os 45 anos do incêndio da Serra de Sintra, que vitimou 25 militares do Regimento de Artilharia Anti-Aérea Fixa (RAAF).
"Em Setembro de 1966, a serra de Sintra era motivo de notícia, nos jornais nacionais e estrangeiros. Não pela sumptuosidade do seu património histórico-natural, mas antes, devido à violência com que o fogo a devastava e às circunstâncias dramáticas em que haviam morrido, durante os trabalhos de extinção, 25 militares do Regimento de Artilharia Anti-Aérea Fixa de Queluz (RAAF).

O fogo lavrou – com intensidade brutal – entre os dias 6 e 12 de Setembro.
As chamas irromperam na Quinta da Penha Longa, alastrando à Quinta de Vale Flor, Lagoa Azul e Capuchos.
Em diversos momentos, a situação apresentou-se incontrolável, sendo favorecida por elevadas temperaturas e constantes mudanças de vento forte.
Vários pontos de referência de Sintra estiveram sob risco elevado, caso do Palácio de Seteais, Palácio de Monserrate e Parque da Pena, entre outros. A própria localidade de S. Pedro de Sintra chegou a correr perigo.
A presença, no ar, de corpos incandescentes, originou focos de incêndio noutros pontos do concelho – Albarraque, Cacém, Colares, Gouveia, Magoito, Mucifal, Pinhal da Nazaré, Praia Grande e Praia das Maçãs – obrigando à dispersão dos meios de combate.
Foram mobilizados todos os corpos de bombeiros do distrito de Lisboa, aos quais se juntaram, ainda, por absoluta necessidade de reforços, pessoal e material de Caldas da Rainha, Elvas e Leiria. Também várias forças militares e militarizadas integraram o dispositivo de luta contra o fogo. Ao todo, estiveram no terreno, mais de quatro mil homens em acção.
A Lagoa Azul e o largo do Palácio Nacional de Sintra foram, em termos estratégicos, os locais escolhidos para concentração dos meios de combate.
"Sintra: uma vila ocupada", escrevia o jornal Diário de Notícias, em 10 de Setembro de 1966, ao legendar uma foto que registava o abastecimento de veículos de bombeiros e militares, defronte do vulgarmente designado "Palácio da Vila".
O actual edifício do Museu do Brinquedo, ao tempo quartel-sede dos Bombeiros Voluntários de Sintra, acolheu o "quartel-general de combate e alerta".
Toda a região de Sintra ficou envolta numa enorme nuvem de fumo – negro e espesso – sendo visível a vários quilómetros de distância.
À noite, um "medonho clarão", que se avistava de Lisboa e arredores, fez convergir, diariamente, muitas pessoas a Sintra, para assistirem, de perto, ao gigantesco incêndio.
Enquanto uns tinham a atenção centrada no rasto de destruição, outros combatiam o fogo até à exaustão, com todos os meios ao seu alcance. Serviu para amenizar o cansaço, a corrente de solidariedade desencadeada pelas gentes de Sintra. Por exemplo, conforme destacado pela imprensa, "restaurantes, cafés e pensões serviram, gratuitamente, alimentos a bombeiros e soldados".

Grande parte da serra perdeu a sua beleza e viu-se convertida num horizonte negro, como a significar um manto de luto. Luto, também, pela perda de 25 vidas humanas. Tudo aconteceu na noite de 7 de Setembro, no Alto do Monge, numa altura em que o fogo atingiu o seu máximo. Um grupo de militares do RAAF que operava no local, sem preparação adequada para o combate a incêndios, deixou-se cercar pelas chamas… A detecção dos seus corpos carbonizados – diz quem testemunhou a tragédia – foi "chocante".
Desejada por todos, só a queda de chuva permitiu a extinção do incêndio. No dia 12, às sete da manhã, chegava finalmente a solução para um problema que parecera não ter fim: a chuva caía sobre Sintra. Apesar disso, numa medida de prevenção, alguns meios dos bombeiros permaneceram vigilantes no local, a fim de fazer face a inevitáveis reacendimentos. Somente, no dia 25, foram dadas por concluídas todas as operações.
Este foi o mais grave incêndio ocorrido na serra de Sintra, totalizando 50 quilómetros quadrados de área ardida. Um simples descuido, na zona da Lagoa Azul, esteve na sua origem, segundo investigação da Polícia Judiciária."

Fogo & História

4 comentários:

Nate disse...

Foi horrivel e medonho nunca vou esquecer.Obrigada por prestarem homenagem as vitimas deste terrivel incendio.

Anónimo disse...

È incrivel como fazem uma homenagem(mais que merecida,finalmente)aos soldados que perderam a vida a 7 setembro 1966,e não contactam as familias para estarem presentes....o meu irmão era o Aspirante Raolino de Barros,tinha 5 anos na altura...e lembro o horror que foi....

Anónimo disse...

se não me engano esta homenagem é feita todos os anos!

Anónimo disse...

a senhora irma do aspirante Raolino esta enganada esta homenagem e feita todos os anos neste dia e estavam la as respectivas familias se nao foi contactada deve entrar em contacto com o RAF Queluz.