2008/11/22

Colarense Premiada

No passado dia 16 de Outubro, teve lugar no Palácio Valenças a entrega de prémios do Concurso "Palavras e Imagens", da Câmara Municipal de Sintra, no qual foi distinguida a Colarense Maria Virgínia Leal, com o 1º. Prémio de conto e 2º. Lugar de poesia.
“2008 Ano Internacional do Planeta Terra”
Conto
Saí para a rua e senti que o ar puro me envolvia num doce abraço. Percorri as ruas da minha cidade, contente por ver as flores que enfeitavam cada janela. As casas, pintadas com desvelo, pareciam reflectir a luz do sol. A brisa suave trazia até mim a carícia dos perfumes que pairavam no ar. Os carros, silenciosos, passavam sem quebrar o feitiço que reinava por toda a parte.
Aqui e ali as crianças corriam alegremente e as mães, despreocupadas, olhavam-nas à distância, calmas e confiantes na paz envolvente.
Nas copas das árvores que bordejavam a avenida, os pássaros entoavam os seus hinos de louvor à Natureza.
Com um sentimento de liberdade absoluta, continuei a minha excursão. E já me encontrava no centro da cidade. A cada passo, as pessoas sorriam e davam-me os bons-dias, com a alegria de viver estampada no rosto.
Como é bom viver! – pensei.
- Maria! – chamou um jovem. - Para onde vais?
Maria parou a sua bicicleta e respondeu: - Vou para o Banco. Vou trabalhar. Se quiseres, logo à tarde encontramo-nos no parque. Saio cedo, como habitualmente. E afastou-se, a cantar.
Mais adiante, duas mulheres conversavam.
-Sabes, para a semana vou ser operada. Agora que os impostos desceram tanto e o nosso nível de vida já permite, quero estar a cem por cento para poder passear. Inscrevi-me ontem para a operação e para a semana lá vou eu.
- Fazes bem. Eu, como é tão seguro viajar, tanto aqui como no estrangeiro, vou também planear as minhas férias.
Sentia-me feliz, com uma forte vontade de abraçar o mundo.
De repente, estendeu-se um imenso lago à minha frente. Por entre os nenúfares de todas as cores, um cisne branco esticou o seu enorme pescoço, bateu as asas e elevou-se nos ares cavalgando uma nuvem. Fiquei a vê-lo esfumar-se no horizonte.
A perna dobrada doeu-me. Um ligeiro formigueiro na mão direita que estava de fora da cama fez-me olhar para o chão. Olhei para a capa do livro que deixara cair ao adormecer: “2008 Ano Internacional do Planeta Terra”.
Na rádio, o locutor ia relatando as notícias do dia: - Tempestade tropical atingiu a China; guerrilheiros colombianos sequestram centenas de trabalhadores; cheias no México deixam milhares sem habitação; ataque suicida lança o pânico no Paquistão; a poluição é um perigo eminente para o nosso Planeta…
Espreguicei-me lentamente e preparei-me para enfrentar a realidade.
Poesia

SE TU ME AMASSES

Se tu me amasses
Não me mostravas a face negra da Terra
Não me falavas da dor
Do ódio ou da traição
De guerras, destruição
Apenas me falavas de amor

Se tu me amasses
Não me falavas do horror
Do desespero e tristeza
E de cada vez que uma criança te olhasse
Só verias nos seus olhos pureza
Ingenuidade, inocência
Não me falavas de medos ou demência
Só me falavas de amor

Se tu me amasses
Não me falavas do mal que existe neste Planeta
Das violações, das torturas e da fome
Da miséria e desengano
Falavas-me da alegria do riso duma criança
E acariciando-me o rosto
Davas-me um beijo de esperança.

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns Gina. Qualquer dos prémios foram inteiramente merecidos e o tema não era fácil. Isto de passar ao papel, o que muitas vezes são as ideias que nos assolam a cabeça, não é fácil, nem é para todos.
Alguns têm esse privilégio.
Ana Paula.