2009/10/11

Memórias da Nossa Terra/ Quando no Chafariz das Azenhas correu Vinho Ramisco

Em 11 de Outubro de 1959, o nº. 1.336 do Jornal de Sintra publicava o seguinte sobre a nossa Freguesia.


Volta a Agitar-se
O Assunto das Carreiras de Eléctricos
Entre a Praia das Maças e as Azenhas do Mar

"... Aí por abas de 1926, quando se falava em construir uma escola nas Azenhas do Mar (a maravilhosa estância de repouso e recuperação de forças físicas a quem o saudoso médico dr. Morais Sarmento, que ali viveu largos anos e por que tinha uma infinita simpatia, classificava de «Bendita Costa da Saúde», constituindo um adorável «tesouro» que os homens de responsabilidade não sabiam-ou não qieriam-avaliar ), houve quem afirmasse isto:
- Só acedido que esta jóia abandonada venha a possuir uma escola e que a linha dos eléctricos se prolongue da Praia das Maçãs até às Azenhas, como por aí andam a propolar, quando aquele «pingómetro» verter, em vez de água, vinho… (e apontava para o chafariz existente no Largo Dr. Alfredo de Magalhães).
Os tempos rodaram. E o certo é que, curtos anos depois, o «milagre» deu-se…As linfas do referido fontanário «secaram»…
…e pelos canos debruçados para as bilhas com que o mulherio procurava abastecer os respectivos lares do precioso líquido correu «ramisco» puríssimo…
…e em benigna e abençoada abundância!!!
Os homens persistentes, corajosos e amantes de tão sedutor rincão, significando uma jóia turística concelhia do mais fino engaste, haviam lançado mãos à obra ( mãos, bolsa, coração e a própria alma), constituíram a modelar escola – cantina que teve por honroso patrono o malogrado Prof. Dr. Alfredo Magalhães, então ministro da Instrução, e conseguiram o prolongamentos dos carros eléctricos até as Azenhas do Mar, cuja linha terminava no Largo de São Sebastião.
Recordamo-nos perfeitamente do deslumbramento apoteótico de tão memorável solenidade, que fez correr rios de tinta em toda a imprensa portuguesa – pois teve foros (pelo seu ineditismo) de acontecimento…nacional!
Nunca o referido fontanário registrara, em toda a sua longa presença, tanta concorrência de gentes – principalmente do sexo masculino – a «descedentar-se» ou a encher as «vasilhas», como nos dias felizes e inesquecíveis em que o povo trabalhador, ordeiro e disciplinado das Azenhas do Mar viu concretizados em adoráveis factos os seus sonhos de tantíssimos e prolongados anos" .


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