2006/09/09

Influências Árabes

Não é algo que se possa visitar, ver ou tocar, mas é indiscutivelmente a mais duradoura influência árabe na Península Ibérica e em Sintra. Desde termos ligados à economia, sobretudo à actividade agrícola, a topónimos e antropónimos, os muçulmanos enriquecerem e marcaram a língua portuguesa com centenas de vocábulos que utilizamos todos os dias. A toponímia de Sintra é um exemplo desse encontro de culturas que durante quase cinco séculos marcou a história da Península.
Os linguistas consideram existirem três classe de topónimos árabes que de diferentes modos entraram na Língua Portuguesa. Assim, para Sintra temos:

Topónimos de origem árabe (aqueles que possuem raiz árabe e que permaneceram com pequenas alterações desse radical):

Almoçageme (al-mesjide = "a mesquita")
Azenha (aççania, isto é, "a nora"); Azoia (az-zavia = "o mosteiro");
Mucifal ( maçfal = "o lugar que está em baixo")


Susana

2 comentários:

Anónimo disse...

Atenção, Susana, que isso não é assim tão linear. A maioria das populações luso-romano-visigóticas mantiveram-se por cá a viver sob ocupação árabe, daí termos em Sintra também outra espécie de topónimos que denotam a continuação dessas populações cristãs. São locais com raiz latina (ou seja, os mouros não os fundaram nem rebaptizaram, logo é porque já eram habitados e continuaram a sê-los por populações falantes de latim). Falo, por exemplo, de Alcolombal, Alpolentim, Almorquim. Há até sítios onde sobreviveram nomes célticos (Carenque), puramente romanos (Godigana) ou celto-romanos (Catribana).
O Mucifal parece de facto ter um nome de origem árabe, mas mais uma vez, pelas ânforas lá encontradas, trata-se de um sítio que já era habitado desde o tempo dos romanos, daí terem sido lá encontradas ânforas. Mas atenção, o Mucifal hoje é grande, mas há 100 anos não passava de um lugarejo com poucos habitantes, que nem capela tinha, por isso no tempo dos mouros devia ser um aglomerado de quatro ou cinco casas.
Quanto às Azenhas do Mar, a Azenha é o nome de um entre muitos objectos usados pelos árabes e adoptados pelas populações locais, logo nada prova que essa povoação seja de fundação árabe. Apenas podemos concluir que se usava lá um objecto que também os árabes usavam. Por último, temos Almoçageme e Azóia, de inegável raiz árabe no seu nome. Talvez por isso a geração dos nossos pais chamasse "marroquinos" a esses nossos conterrâneos da montanha.
A nossa identidade linguística, cultural e sanguínea (tal como provam testes recentes ao ADN dos portugueses) é perfeitamente europeia e acima de tudo nada muçulmana em termos de religiosidade. Por isso os mouros passaram, sim, e deixaram marcas (sobretudo em nomes de objectos que desconhecíamos), mas muito menos do que os celtiberos ou os romanos! Há interesses políticos por detrás da tentativa de nos apresentarem como descendentes dos mouros em pé de igualdade com os europeus, mas isso agora não dá para estar aqui a explicar porque o texto já vai longo. Apesar de tudo, parabéns pelo teu trabalho de investigação :D
Paulo Rodrigues

Anónimo disse...

Parabéns,isso ajudou e muito no meu trabalho de história!